Cinemas coreanas reacendem no cenário internacional com novos convites a festivais de prestígio
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Nova fase para o cinema sul-coreano
Após um período de recepção morna em festivais internacionais como Cannes, o cinema sul-coreano volta a despertar entusiasmo no cenário global. Diretores consagrados e nomes em ascensão estão sendo convidados para os maiores festivais de cinema do mundo, reacendendo o prestígio da produção coreana e sugerindo uma nova fase de reconhecimento internacional.
Filme de Park Chan-wook é destaque em Veneza
A organização da 82ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza anunciou oficialmente a inclusão do novo longa de Park Chan-wook, “It’s Okay” (어쩔수가없다, título original em coreano), na principal mostra competitiva do evento, que começa em 27 de agosto. Este convite marca o retorno do cinema sul-coreano à competição após uma ausência significativa — desde Pietá, de Kim Ki-duk, premiado em 2012, nenhum outro filme coreano havia sido selecionado para essa categoria.
O novo trabalho de Park é baseado no romance The Axe, de Donald Westlake. A trama acompanha Mansu (interpretado por Lee Byung-hun), um funcionário que, mesmo levando uma vida aparentemente completa, é abruptamente demitido. Na tentativa de proteger sua família e manter a estabilidade, ele inicia uma jornada pessoal marcada por desafios e decisões drásticas em busca de recolocação no mercado.
Segundo a crítica Yang Kyung-mi, o estilo visual refinado de Park, aliado à fusão de gêneros e à exploração profunda da psique humana, consolidou seu nome como uma referência mundial. A especialista também destacou que esta nova obra reafirma o papel de Park como um dos pilares culturais da Coreia no cenário internacional, ao lado de figuras como Bong Joon-ho.
Diretores coreanos também ganham espaço em Toronto
Antes mesmo do início do festival em Veneza, o Festival Internacional de Cinema de Toronto, o maior da América do Norte, também anunciou boas notícias para o cinema coreano. Três filmes foram selecionados para a seção “Apresentações Especiais”, que reúne produções de destaque com grande apelo global. Entre eles estão Face de Yeon Sang-ho, Good News de Byun Sung-hyun e Projeto Y de Lee Hwan.
Yeon e Byun são considerados herdeiros dos grandes mestres do cinema coreano contemporâneo. Ambos contribuíram significativamente para o auge da bilheteria local e têm sido figuras constantes nos principais festivais do mundo. A nova rodada de convites comprova sua relevância contínua e reforça a vitalidade do cinema sul-coreano no mercado global.
Ascensão de novos nomes: Lee Hwan e seu primeiro longa comercial
Entre os convidados em Toronto, destaca-se o diretor Lee Hwan, conhecido por seu trabalho no cinema independente com títulos como Park Hwa-young e Os Adultos Não Entendem. Projeto Y marca sua estreia no circuito comercial e já foi apontado pelo festival como uma das produções sul-coreanas mais promissoras do ano. Segundo a organização, o filme é envolvente, provocador e carrega forte carga emocional — qualidades que o colocam como um dos destaques da edição.
“It’s Okay”: o projeto mais pessoal de Park Chan-wook
O retorno de Park Chan-wook com It’s Okay traz consigo grande expectativa. Após o sucesso de Decisão de Partir (Decision to Leave), vencedor do prêmio de Melhor Direção em Cannes em 2022, o cineasta apresenta um projeto que, segundo ele próprio, era “o filme que mais queria realizar há anos”.
A produção não apenas marca o reencontro do diretor com o público após três anos, como também representa uma guinada narrativa. Ao abordar a queda repentina de um homem comum e sua luta para se reerguer, Park constrói uma trama que promete identificação e emoção, explorando as pressões sociais e os limites éticos impostos pelo sistema competitivo.
A ironia e o humor característicos do diretor também estão presentes — desta vez, de forma mais explícita. Park afirmou que o tom cômico deste filme é mais direto do que o de suas obras anteriores. Essa abordagem, somada à tensão crescente e ao enredo imprevisível, compõe uma experiência intensa que deve atrair tanto o público quanto a crítica.
Conclusão: o renascimento do cinema coreano
Com o retorno de Park Chan-wook à competição em Veneza e a recepção calorosa a novos filmes no festival de Toronto, o cinema sul-coreano dá sinais claros de revitalização. A presença simultânea de veteranos respeitados e talentos emergentes em grandes festivais internacionais aponta para uma retomada do protagonismo da Coreia do Sul no cenário cinematográfico global. Em um momento em que a indústria busca renovação, os cineastas coreanos reafirmam sua criatividade e capacidade de comover plateias ao redor do mundo.