Mudando o Jogo: Como ‘Moneyball’ e ‘Sugar’ Transformaram o Cinema de Beisebol
3 min read
Os filmes sobre beisebol costumam ser uma homenagem ao passado. Desde “Eight Men Out” até “Campo dos Sonhos”, essas produções celebram heróis improváveis, cujas jornadas rumo ao campeonatos inspiram espectadores. No entanto, duas obras dos últimos 20 anos desafiaram essa tradição e alteraram a maneira como o esporte é retratado no cinema. “Moneyball: O Homem Que Mudou o Jogo” (2011), de Bennett Miller, e “Sugar” (2008), de Anna Boden e Ryan Fleck, não falam sobre glórias ou feitos lendários. Em vez disso, exploram o fracasso e o impacto da comunidade.
Essa abordagem inovadora desafia um subgênero que tradicionalmente exalta momentos de superação. Os filmes sobre beisebol frequentemente contam histórias de equipes desacreditadas que conquistam títulos improváveis, como em “Anjos Rebeldes”. Outros mostram jogadores talentosos que recebem uma segunda chance na carreira, como “O Melhor Jogo da Vida”. Também há aqueles que evocam a nostalgia de verões inesquecíveis, como “Garotos em Ponto de Bala”. Essas produções glorificam a magia, a poesia e as tradições do esporte, reforçando conceitos enraizados de justiça e meritocracia: três strikes e você está fora, e, como dizia Yogi Berra, “O jogo só acaba quando termina”.
Por outro lado, “Moneyball” oferece uma visão mais crítica do sistema. O filme segue Billy Beane (Brad Pitt), gerente geral do Oakland Athletics, que precisa competir com times financeiramente mais fortes, como o New York Yankees. Para superar essa desigualdade, Beane contrata Peter Brand (Jonah Hill), um jovem economista de Yale, e adota a sabermetria, um método estatístico criado por Bill James para maximizar o desempenho dos jogadores. A estratégia inovadora de Beane e Brand entra em conflito com o conservadorismo do treinador da equipe (Philip Seymour Hoffman) e dos veteranos olheiros, que insistem em avaliar os jogadores com base em impressões subjetivas e intuição.
Enquanto Beane desconstrói o negócio do beisebol ao montar um time com atletas subestimados, “Moneyball” também desmonta o gênero dos filmes esportivos ao se concentrar menos no esporte em si. No meio da narrativa, o roteiro de Steven Zaillian e Aaron Sorkin insere um elemento humano poderoso: a relação de Beane com sua filha. A jovem torce para que o time tenha sucesso, não por paixão pelo jogo, mas para que seu pai mantenha o emprego. Brad Pitt entrega uma atuação memorável, revelando o lado sensível do protagonista e conferindo maior profundidade à trama. Essa conexão emocional se torna tão crucial que, ao final do filme, Beane recusa uma oferta milionária para trabalhar no Boston Red Sox, optando por permanecer com sua família. Curiosamente, os A’s estão programados para deixar a Califórnia em 2028 para se mudar para Las Vegas, em busca de um contrato mais lucrativo.
Dessa forma, “Moneyball” e “Sugar” reinventam o cinema esportivo, substituindo o glamour e a glória pela análise fria da realidade. Ao se afastarem dos clichês tradicionais do gênero, essas obras oferecem uma nova perspectiva sobre o impacto do beisebol dentro e fora de campo.